OBRA

CANÇÕES

LETRA

Carolina

Carolina

Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu

Carolina
Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor
O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar
Agora não sei como explicar
Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu

Carolina

versão em alemão de Karin von Schweder-Schreiner

Carolina
In deinen tiefen Augen
Behältst du so viel Schmerzen
Die Schmerzen der ganzen Welt
Ich hatte dir schon erklärt, es würde nicht klappen
Deine Tränen können nichts ändern
Ich hatte dich zum Tanzen schon eingeladen
Es ist Zeit, es zu genießen
Draußen, meine Liebe
Ist eine Rose erblüht
Haben alle Samba getanzt
Ist ein Stern gefallen
Ich habe es ihr doch lächelnd
Durch das Fester gezeigt, "schau mal wie schön"
Aber Carolina hat es nicht gesehen
Carolina
In deinen traurigen Augen
Behältst du so viel Liebe
Die Liebe der ganzen Welt
Ich hatte dich doch erwarnt
Es kommt zum Ende
Ich gab dir alles, um es akzeptieren zu können
Tausende Verse hatte ich gesungen
Um dir zu gefallen
Jetzt kann ich es dir nicht erklären
Draußen, meine Liebe
Ist eine Rose verblüht
Ist eine Party zu Ende
Ist unser Schiff abgefahren
Ich habe ihr doch gezeigt
Die Zeit ist vorm Fester vorbei
Und nur Carolina hat es nicht gesehen


1967 © by Editora Musical Arlequim Ltda. Av. Rebouças, 1700 CEP 057402-200 - São Paulo - SP
Todos os direitos reservados. Copyright Internacional Assegurado. Impresso no Brasil


Chico Buarque

ENCONTRADA NO

ÁLBUM

CURIOSIDADES

Notas sobre Carolina
Por Humberto Werneck

 

"...Chico teve um outro programa de televisão nos anos 60 - Shell em show maior, na TV Globo, ao lado de Norma Bengell. Fez o primeiro mas ficou de tal modo envergonhado que não apareceu no dia de gravar o segundo. A emissora, com razão, quis que ele pagasse uma multa. A coisa ia mal quando Walter Clark, superintendente da estação, mandou dizer a Chico que a multa poderia ser esquecida - bastava ele inscrever uma música na II Festival Internacional da Canção, o FIC, que a Globo ia promover em outubro de 1967. O compositor aceitou a proposta - e foi para saldar essa dívida que nasceu uma de suas criações mais famosas, Carolina. E também uma das que ele menos aprecia. Lembra-se de ter feito a letra num avião, ou num aeroporto, "nas coxas, mesmo". A dupla Cynara e Cybele estava procurando música para entrar no festival, e Rui, do MPB-4, que era casado com Cynara, veio perguntar a Chico se ele não tinha alguma coisa na gaveta. Entregou Carolina com a ressalva de que não gostava nada dela. Ouviu a finalíssima do FIC pelo rádio, na Bahia, em casa de Roni Berbert de Castro - o amigo que, anos depois, em novembro de 1972, promoveria seu histórico show com Caetano Veloso, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Sua música ficou em terceiro lugar, atrás da campeã Margarida, de Gutemberg Guarabira, e de Travessia, de Milton Nascimento, "Eu não estou entendendo nada", disse Chico, perplexo. Para o mal de seus pecados, Carolina foi gravada por Aguinaldo Rayol num LP com as doze preferidas do general Costa e Silva.

"...Muitos viram, por exemplo, uma ponta de deboche na gravação que Caetano fez de Carolina para o seu disco de 1969, depois de sair da prisão do AI-5 e antes de partir para o exílio em Londres. Caetano afirma que não houve maldade. A idéia de gravar a música, diz, lhe veio em Salvador, onde estava confinado, ao ver na televisão um rosto de menina cantando Carolina num programa de calouros. "Aquilo me encheu os olhos d'água", conta. A moça da canção lhe pareceu "a antimusa do Brasil" naquele sombrio ano de 1969."

Chico Buarque

Chico

Em 58 anos de carreira, compôs centenas de canções, aqui apresentadas por título, data, compostas em parcerias, versões e adaptações, compostas para teatro, cinema e aquelas que só aparecem em discos de outros intérpretes. Suas músicas foram gravadas em cerca de 40 álbuns, organizados por data, projetos, discos solo, gravações ao vivo, coletâneas e discos de outros intérpretes dedicados a ele. A obra completa do artista é uma das maiores riquezas que a cultura brasileira produziu até hoje.

CHICO BUARQUE

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