OBRA

CANÇÕES

LETRA

Homenagem ao malandro

Homenagem ao malandro

Eu fui fazer um samba em homenagem
À nata da malandragem
Que conheço de outros carnavais
Eu fui à Lapa e perdi a viagem
Que aquela tal malandragem
Não existe mais
Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal
Mas o malandro pra valer
- não espalha
Aposentou a navalha
Tem mulher e filho e tralha e tal
Dizem as más línguas que ele até trabalha
Mora lá longe e chacoalha
Num trem da Central

Hommage für den Ganoven

versão em alemão de Karin von Schweder-Schreiner

Ich wollte einen Samba schreiben
Zu Ehren der Creme der Ganoven
Die ich von früher her kenne
Ich ging nach Lapa, aber es war
umsonst
Denn diese Art von Ganoven
Existiert heute nicht mehr
Das ist nicht mehr normal
Was es jetzt an offiziellen, an Profi--
Ganoven gibt
Ganoven, ausgestattet als amtliche
Ganoven
Ganoven, die kandidieren als Bundes--
ganoven
Ganoven mit Foto in den Klatschspalten
Ganoven mit Vertrag, Krawatte und
Kapital
Die nie Probleme kriegen
Aber so richtig echte Ganoven
Die sind rar geworden
Die haben das Messer an den Haken
gehängt
Haben Frau und Kinder und ihren Kram
und so
Böse Zungen sagen, sie arbeiten sogar
Wohnen weit draußen und werden
durchgerüttelt
In den Zügen der Vorortbahn


1977 © Marola Edições Musicais
Todos os direitos reservados. Copyright Internacional Assegurado. Impresso no Brasil


Chico Buarque

Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque (1978)

ENCONTRADA NO

ÁLBUM

CURIOSIDADES

Nota sobre Homenagem ao malandro
Por Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello

     Letra   
A época da estréia do musical "Ópera do Malandro", Chico Buarque descreveu e justificou o ambiente da peça em entrevistas a Isto É e Manchete: "Nós pegamos a Lapa, os bordéis, os agiotas, os contrabandistas, os policiais corruptos, os empresários inescrupulosos. (...) Tomamos como ponto de partida o que o italiano chama de Malacittá, o bas fond. Esta Lapa (que) começava a morrer era o prenúncio de uma série de outras mortes: da malandragem, de Madame Satã, de Geraldo Pereira, de Wilson Batista. Foi o fim da era de ouro do sambista urbano carioca. "Essa história está contada na letra de "Homenagem ao Malandro", uma das melhores composições do musical: "Eu fui fazer um samba em homenagem / à nata da malandragem que conheço de outros carnavais / eu fui à Lapa e perdi a viagem / que aquela tal malandragem não existe mais..." E prossegue, retratando o "novo" malandro, "o malandro profissional", "oficial", "candidato a malandro federal", arrematando: "Mas o malandro pra valer / - não espalha-/ aposentou a navalha / (...) / até trabalha / mora lá longe e chacoalha / num trem da Central..." "Homenagem ao Malandro" é um samba rasgado, com direito a solo de trombone do grande Maciel, breques e uma adequada interpretação de Chico Buarque. No álbum duplo do musical, só lançado em dezembro de 79, este samba é cantado pelo malandro Moreira da Silva, que vive assim o personagem João Alegre.

Fonte: Livro 85 anos de Música Brasileira Vol. 2, 1ª edição, 1997, editora 34

Chico Buarque

Chico

Em 58 anos de carreira, compôs centenas de canções, aqui apresentadas por título, data, compostas em parcerias, versões e adaptações, compostas para teatro, cinema e aquelas que só aparecem em discos de outros intérpretes. Suas músicas foram gravadas em cerca de 40 álbuns, organizados por data, projetos, discos solo, gravações ao vivo, coletâneas e discos de outros intérpretes dedicados a ele. A obra completa do artista é uma das maiores riquezas que a cultura brasileira produziu até hoje.

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