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Cálice

Cálice

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Caliz

Versión de Silvia Ulrik y Roberto Echepare
 
Cómo beber esa bebida amarga
Tragar el dolor, aguantar el trabajo
Aun callada la boca resta el pecho
Silencio en la ciudad no se escucha
De qué me sirve ser hijo de santa
Mejor seria ser hijo de la otra
Otra realidad menos muerta
Tanta mentira, tanta fuerza bruta
Qué difícil es despertar callado
Si el silencio de la noche me lastima
Quiero lanzar un grito deshumano
Que es una manera de ser escuchado
Todo ese silencio me aturde
Aturdido permanezco atento
En las gradas para en cualquier momento
Ver emerger el monstruo de la laguna

Padre, aparta de mi ese cáliz
Padre, aparta de mi ese cáliz
Padre, aparta de mi ese cáliz
De vino tinto de sangre

De muy gorda la puerca ya no anda
De muy usado el cuchillo ya no corta
Qué difícil es. padre. abrir la puerta
Esa palabra presa en la garganta
Esa curda homérica en el mundo
Para qué sirve tener buena voluntad
Aun callado el pecho resta la cabeza
De los borrachos del centro de la ciudad

Tal vez el mundo no sea pequeño
Ni sea la vida un hecho consumado
Quiero inventar mi propio pecado
Quiero morir en mi propio veneno
Quiero perder de una vez tu cabeza
Que mi cabeza pierda tu juicio
Quiero oler el humo de óleo diesel
Embriagarme hasta que alguien me olvide


1973 © Marola Edições Musicais, Gege Produções
Todos os direitos reservados. Copyright Internacional Assegurado. Impresso no Brasil


Gilberto Gil/Chico Buarque

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Chico Buarque

Chico

Em 58 anos de carreira, compôs centenas de canções, aqui apresentadas por título, data, compostas em parcerias, versões e adaptações, compostas para teatro, cinema e aquelas que só aparecem em discos de outros intérpretes. Suas músicas foram gravadas em cerca de 40 álbuns, organizados por data, projetos, discos solo, gravações ao vivo, coletâneas e discos de outros intérpretes dedicados a ele. A obra completa do artista é uma das maiores riquezas que a cultura brasileira produziu até hoje.

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