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Mulheres de Atenas

Mulheres de Atenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas

Mujeres de Atenas

Versión de Silvia Ulrik y Roberto Echepare
 
Mírense en el ejemplo de aquellas mujeres de Atenas
Viven para sus maridos, orgullo y raza de Atenas
Cuando amadas, se perfuman
Se bañan con leche, se arreglan sus melenas
Cuando fustigadas, no lloran
Se arrodillan, piden imploran, más duras penas cadenas
Mírense en el ejemplo de aquellas mujeres de Atenas
Sufren por sus maridos, poder y fuerza de Atenas
Cuando ellos embarcan, soldados
Ellas tejen largos bordados mil cuarentenas
Y cuando ellos vuelven sedientos
Quieren arrancar, violentos, caricias plenas obscenas

Mírense en el ejemplo de aquellas mujeres de Atenas
Se desvisten para sus maridos, bravos guerreros de Atenas
Cuando ellos se llenan de vino
Acostumbran buscar el cariño de otras falenas
Pero al fin de la noche, en pedazos
Casi siempre vuelven a los brazos, de sus pequeñas Helenas

Mírense en el ejemplo de aquellas mujeres de Atenas
Engendran para sus maridos, los nuevos hijos de Atenas
Ellas no tienen gusto o deseos
Ni defectos ni cualidades tienen miedo apenas
No tienen sueños, sólo tienen presagios
De su hombre, mares, naufragios, lindas sirenas morenas.

Mírense en el ejemplo da aquellas mujeres de Atenas
Temen por sus maridos, héroes y amantes de Atenas
Las jóvenes viudas marcadas
Y las gestantes abandonadas no hacen escenas
Se visten de negro, se encogen
Se conforman y se recogen, a sus novenas serenas

Mírense en el ejemplo de aquellas mujeres de Atenas
Se secan por sus maridos, orgullo y raza de Atenas


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Chico Buarque/Augusto Boal

Para a peça Mulheres de Atenas, de Augusto Boal (1976)

ENCONTRADA NO

ÁLBUM

Chico Buarque

Chico

Em 58 anos de carreira, compôs centenas de canções, aqui apresentadas por título, data, compostas em parcerias, versões e adaptações, compostas para teatro, cinema e aquelas que só aparecem em discos de outros intérpretes. Suas músicas foram gravadas em cerca de 40 álbuns, organizados por data, projetos, discos solo, gravações ao vivo, coletâneas e discos de outros intérpretes dedicados a ele. A obra completa do artista é uma das maiores riquezas que a cultura brasileira produziu até hoje.

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